quarta-feira, 28 de abril de 2010

O problema com o compromisso

Eis o problema: muitos homens têm um medo exagerado do compromisso. Se você é uma mulher contemporânea, há grandes chances de que venha a se envolver com pelo menos um homem,possivelmente mais de um, que prefere fugir do amor. Pode ser o homem que não telefona após um primeiro encontro particularmente bom; o homem ardente que some depois da primeira noite
de sexo; o namorado firme em quem você confia e que sabota a relação justamente quando esta se encaminha para o casamento; ou o homem que depois do casamento se torna indiferente, infiel ou violento. Em qualquer um desses casos, é bem provável que você esteja lidando com um homem que reage de maneira anormal à idéia de compromisso. Para ele, você é sinônimo de esposa,mãe, de ficar junto – para sempre – e isso o deixa aterrorizado. É por isso que ele a abandona. Você não consegue entender, mas, se isto servir de consolo, ele provavelmente também não compreende as próprias reações. Só sabe que um relacionamento mais sério lhe causa grande desconforto e ansiedade.
O pior é que esse homem está em busca do amor, e é por isso que ele a conquista. A insistência dele e as comoventes demonstrações de vulnerabilidade a convencem de que é seguro entregar-se.
Mas como o medo do compromisso é excessivo, ele acaba sabotando,destruindo ou fugindo de qualquer relação boa e sólida. Em outras palavras, se o medo dele for muito intenso, o homem com fobia a compromisso não conseguirá amar, por mais que queira.
E você fica para trás com sonhos desfeitos e a auto-estima destruída.
O que aconteceu? O que deu errado? E por que isso acontece com tantas mulheres?
“Um dia ele disse que éramos perfeitos juntos.No dia seguinte não apareceu. Por quê?”
Jamie lembra muito bem como se sentiu no dia em que conheceu Michael.
“Eu tinha acabado de completar 28 anos e, apesar de não haver um homem na minha vida, estava bastante satisfeita. Tinha começado a trabalhar em um novo emprego havia uma semana – assistente administrativa de uma companhia de balé – e estava adorando.
Morava num belo apartamento alugado e tinha dinheiro extra suficiente para me presentear com um ingresso para o Festival Mostly Mozart. Após a apresentação, uma amiga me convidou para uma festa. Eu quase não fui.
Bem, foi lá que conheci o Michael.
Ele se aproximou e disse: ‘Acho que vamos nos dar muito bem.’” Jamie conta que o jeito direto de Michael a fez evitá-lo pelo resto da noite, mas ao chegar em casa ouviu a voz dele na secretária eletrônica perguntando se ela estava livre para um brunch no dia seguinte. Jamie decidiu ignorar o convite, apesar de Michael ser um homem atraente. Ele tinha um jeito meio arrogante de que ela não gostou.
No dia seguinte, quando o telefone tocou, Jamie atendeu. Era ele.
“Que tal jantarmos hoje?” Ela respondeu que não podia. E então,receando estar sendo indelicada, começou a bater papo com ele.
Acabaram conversando por 15 minutos. Ela não se lembra do que falaram, e sim que foi divertido e ela ficou sabendo que ele era um redator de publicidade muito bem remunerado
“Pensei muito durante a semana, me perguntando se não tinha cometido um erro deixando de sair com ele, pois afinal eu não vivia rodeada de homens bonitos implorando para me levar para jantar – eu não saía com ninguém havia seis meses. Cheguei à conclusão de que eu estava sendo muito exigente. No sábado,fiquei em casa, assistindo à TV e senti pena de mim mesma.”
Descobri que muitas mulheres temem estar jogando fora sua última chance no amor. Jamie não era diferente; quando Michael telefonou na quarta-feira seguinte, ela aceitou o convite e eles saíram para jantar. Ele a surpreendeu, expondo sua vida e mostrando-se curioso a respeito dela. A sensibilidade dele era tocante.
Contou que sua última namorada estava mais interessada na carreira do que nele. Para ter um relacionamento sério, disse Michael,ele queria uma mulher como Jamie, que sabia estabelecer prioridades.
Ela ficou satisfeita com o elogio, mas se perguntou como ele podia saber quais eram suas prioridades. Michael disse que chegara a hora de ter um cachorro, um carro em que coubesse toda a família e uma esposa – “não necessariamente nessa ordem”.
Afirmou que sabia que isso lhe daria o incentivo de que precisava para se dedicar mais à criação de textos literários e menos à redação para publicidade. Disse a Jamie que achava um charme ela compor músicas. “Quem sabe, se as coisas derem certo entre nós,vamos acabar morando numa ampla casa vitoriana num bairro residencial. Eu poderia escrever um grande romance na biblioteca,enquanto você estaria tocando piano na sala.” Jamie achou melhor não contar a ele que se interessava por hard rock e ficou
encantada com a idéia.
“Ao se despedir, Michael me convidou para irmos à praia no domingo. Ele foi extremamente atencioso e gentil o dia inteiro.
Cercou-me de cuidados e levou-me para almoçar em um pequeno restaurante à beira-mar. Michael foi tão atencioso que cheguei a ficar sem graça. Brincava com o meu cabelo, beijava meu pescoço e me fez sentir completamente irresistível.”
Quando ele a deixou em casa, pediu para passar a noite com ela,mas Jamie não concordou. Ela ainda não acreditava que ele estivesse tão interessado nela quanto dizia. Achava que não fazia o tipo dele.
Michael teve de se ausentar da cidade naquela semana, porém telefonou todos os dias e conversaram por horas. Na sexta, dormiu na casa de Jamie e lá permaneceu até o domingo de manhã.
“Sei muito bem que comecei a me interessar seriamente pelo Michael porque ele parecia estar seriamente interessado em mim. Gostei do grau de intimidade que estabelecemos, pois me fez sentir segura e confiante. Acho que foi disso que mais senti falta quando tudo terminou. Não fiquei tão arrebatada pelo sexo como Michael parecia estar, mas nunca deixei transparecer isso,até porque ele vivia repetindo: ‘Você é perfeita. Não consigo deixar de pensar em como somos perfeitos juntos.’ Além disso, eu
estava me apaixonando, e achei que quando meu corpo e minhas emoções entrassem em sintonia, tudo se encaixaria. Acho que ele me contou tudo sobre sua vida. Quando o relacionamento acabou,eu sabia mais e me lembrava de mais coisas sobre a vida dele do que ele próprio. Depois que Michael foi embora naquele domingo à noite, pensei que seria o começo de algo sério.
Em vez de ligar todas as noites como tinha feito na semana anterior, ele telefonou todos os dias para o meu trabalho. Uma mudança sutil à qual não prestei muita atenção. Disse que não poderia me ver durante a semana – tinha negócios a tratar, compromissos e um milhão de coisas a fazer –, mas quando chegou na sexta-feira, nos jogamos na cama, comemos comida chinesa e
falamos bobagens. No sábado à noite, enquanto assistíamos a um filme na televisão, Michael me olhou e disse sério: ‘Estou me apaixonando por você.’ Quando fomos dormir, ele declarou: ‘Eu amo você’, dissipando as reservas que eu ainda tinha. Naquele momento eu me senti uma felizarda por ser tão amada e desejei intensamente construir minha vida com ele e fazê-lo feliz. Acho que fui ingênua, mas para mim amor combina com casamento.
Eu fazia planos para o futuro, sem imaginar que o relacionamento já estava indo ladeira abaixo.
Então, no domingo de manhã, ele se levantou e disse que precisava ir embora porque as pessoas com quem dividia o apartamento iam receber visitas para um brunch e ele tinha de estar lá.
Não entendi por que não me convidou, mas não queria ser exigente nem chata, pois desejava um relacionamento baseado em respeito e confiança mútuos. Mas, para dizer a verdade, me senti mal com aquilo. É impressionante. Namoramos durante cinco meses e eu nunca conheci as pessoas que moravam com ele.”
A partir daí, Michael estabeleceu um padrão que continuaria pelos meses seguintes. Todos os dias telefonava para Jamie do trabalho e combinava encontrar-se com ela no fim de semana.
Quando chegava sexta-feira à noite, os dois passavam praticamente o tempo todo em casa, fazendo amor. Às vezes saíam para jantar ou iam ao cinema, mas a maior parte do tempo ficavam em casa.
“Michael vivia dizendo que estava exausto por causa do trabalho e que eu era o refúgio dele – a única pessoa com quem ele queria estar. Além disso, o sexo era sensacional. Eu confiava na intimidade do sexo e na amizade. Ele repetia que eu o fazia muito feliz. Eu era perfeita. Nós éramos perfeitos e íntimos.”
Durante aquele período, Jamie só conheceu alguns dos amigos
de Michael, com quem saiu rapidamente para um drinque.
Em uma sexta-feira, a mãe dele, que morava em Connecticut, foi a Nova York e Michael saiu para jantar com ela. Jamie achou que devia ter sido convidada, mas ele disse que seus pais eram complicados e que precisava prepará-los. Logo chegou o feriado de Ação de Graças e Jamie ficou na expectativa de que ele a convidasse para o tradicional jantar com os pais. Achou que o que acontecesse nos feriados seria um forte indicativo sobre o real estágio do relacionamento deles.
“Michael foi visitar os pais e não me convidou. Fiquei arrasada. Ele se sentiu visivelmente culpado, porque na quarta-feira anterior ao feriado apareceu com uma garrafa de vinho e flores. Disse que estava se sentindo péssimo por me deixar sozinha. ‘Então não vá’, eu disse. ‘Se você acha mesmo que será difícil para os seus pais me aceitarem, por que não fica aqui comigo? Você já é adulto, fique a meu lado. Dê prioridade a mim.’ Ele disse que não podia fazer isso.
O mais revoltante foi que eu me ofereci para digitar seu currículo atualizado no computador do escritório e fiz isso na sextafeira depois do dia de Ação de Graças. Ele voltaria apenas na segunda, e eu fiquei aguardando um telefonema. Mas Michael só ligou na quarta-feira, quando me convidou para tomar um café com ele. Isso chamou a minha atenção, pois ele nunca saía comigo no meio da semana, principalmente se fosse trabalhar no
dia seguinte. Ele foi até o meu apartamento buscar o currículo,não contou nada sobre o feriado e acabamos na cama. Michael disse que precisava voltar para dormir em casa porque não tinha outra muda de roupa. Na porta, falou: ‘Eu amo você.’ Não dei muita impor tância, mas comecei a ficar preocupada e decidi encostá-lo contra a parede quando tivéssemos mais tempo para conversar. Ele não ligou na sexta-feira para combinarmos os planos do fim de semana. Telefonei para algumas amigas perguntando
o que eu deveria fazer. Todas me aconselharam a relaxar e tentar não parecer muito ansiosa. Disseram que talvez ele tivesse tido algum problema. Mas Michael não ligou. Nunca me esquecerei de como me senti naquela sexta-feira depois do trabalho. Acho que comecei a perceber que nosso namoro tinha chegado ao fim, mas não conseguia aceitar isso, porque,
afinal, tínhamos ido para a cama na quarta-feira. Sei que isso vai
parecer idiota, mas fiquei pensando se não haveria algo de errado
com ele. Por volta das 22h, não agüentei e liguei para o apartamento dele. Logicamente, a secretária eletrônica atendeu.
Desliguei e fiquei paranóica, pensando que ele descobriria que a
ligação era minha. Então Então telefonei de novo e deixei uma mensagem.
Quando ele retornou a ligação, no sábado, disse que sabia que devia ter me procurado, mas estivera muito ocupado e, agora,precisava voltar a Connecticut porque seus pais o haviam obrigado a ir a uma festa. Precisei me conter para não me convidar para ir junto. Ele disse que me ligaria quando estivesse de volta,e foi o que fez, no domingo. Acabou indo à minha casa. Como sempre, nosso encontro foi intenso e lindo. Ele adormeceu em
frente à televisão e, quando pendurei sua jaqueta, um papel caiu do bolso do casaco. Era um ingresso de um teatro de Nova York,com a data da noite anterior. Foi assim que descobri que ele não tinha ido a Connecticut e que tinha mentido para mim.”
A partir desse ponto, Michael estabeleceu um novo padrão.
Em alguns dias, ligava. Em outros, não. Continuava convidando Jamie para sair, mas não regularmente.
“Ele me disse que estava muito estressado com as responsabilidades
que tinha assumido. Na primeira semana depois do feriado de Ação de Graças, saímos na sexta-feira e ele voltou para casa no sábado. Na outra semana, nos vimos no sábado e ele voltou para casa logo depois do jantar, com uma desculpa esfarrapada.No meio disso tudo, continuava dizendo que me amava e pedia que eu tivesse paciência. Sempre que ele ia à minha casa, eu me esforçava ao máximo para preparar comidas deliciosas e estar sempre bonita. Não sabia o que fazer para que tudo voltasse a ser como antes. O Natal estava chegando e eu não tinha tempo nem dinheiro para passá-lo com minha família. Pressionei Michael para saber se ficaríamos juntos. Ele não me prometeu isso. Disse
que sabia ser injusto, mas não sabia o que queria e precisava de um tempo para pensar nas ‘coisas’. Perguntei se ele estava saindo com alguém. Ele negou, mas não acreditei.
Finalmente, na semana anterior ao Natal, nos encontramos
depois de muita insistência minha. Perguntei o que estava acontecendo
conosco. Michael disse que para ele era ‘estranho lidar com
pessoas do meio artístico’ e que precisava se afastar um pouco da
minha intensidade. Eu não tinha a menor idéia do que fosse essa
‘intensidade’, mas ele insistia em dizer que eu era intensa demais.
Ele me telefonou para me desejar um feliz Natal. Quando desligou,
fiquei com tanta raiva que liguei de novo e gritei com ele.
Michael disse que não conseguiria falar comigo enquanto eu não
me controlasse. Depois que desligamos, me senti culpada por ter
gritado e queria me desculpar. Mesmo sabendo que eu tinha razão,
achei que não tinha sido suficientemente compreensiva e que, de
fato, estivesse sendo intensa demais, o que lhe daria motivo para
me rejeitar. Queria ligar de novo, mas fiquei com medo de que
ele desligasse na minha cara. Foi isso. O namoro chegou ao fim.”

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