sexta-feira, 26 de março de 2010

A paixão e o amor explicados pela ciência.

Então de repente, no bar, na festa, na praia, na fila do banco - não importa -, os olhos se encontram. Primeiro uma ansiedade, um calor no peito que logo se espalha em calafrios que procuramos disfarçar. Um leve suor nas mãos. No primeiro encontro, os lábios ressecam um pouco antes do primeiro beijo, as palavras tremem embaraçadas em pensamentos confusos. Joelhos que mal sustentam o peso do corpo. Esquecemos do mundo lá fora em eternas horas de silenciosa saudade ao telefone, perfumadas com aquela inquietude própria dos amantes...
Quem nunca sentiu coisa parecida? Pois os cientistas - sempre eles! - querem nos convencer que toda esta áurea sedutora de mistério que envolve os assuntos do coração não passa de uma meia dúzia de manifestações anatômicas e equações bioquímicas. Até onde a ciência pode realmente traduzir em números e estatísticas aquilo que para muitos de nós é a verdadeira essência dos céus na Terra: o Amor?

Primeiro, definindo o amor.

O amor é uma experiência consumptiva. Mergulhamos euforicamente nesta deliciosa tortura e não comemos ou dormimos direito. Freqüentemente, é difícil manter a concentração. A Dra. Donatella Marazziti, psiquiatra da Universidade de Pisa, acredita que pessoas "doentes de amor" estejam realmente doentes: sofrem de um distúrbio obsessivo-compulsivo. Inegavelmente, paixão e psicose obsessiva-compulsiva compartilham diversos aspectos comuns. E isto não é meramente uma teoria sem fundamentos: "ambos estados associam-se a baixos níveis cerebrais de serotonina, uma substância química fabricada pelo corpo que nos ajuda a lidar com situações estressantes", afirma a médica.
Uma segunda descoberta do trabalho da Dra. Marazziti e não menos importante merece ser mencionada: bebidas alcoólicas também diminuem os níveis de serotonina no cérebro, criando a ilusão de que a pessoa do outro lado do bar é o amor da sua vida. Portanto, cuidado com as noitadas.

Que seja eterno enquanto dure.

Existe um limite de tempo para homens e mulheres sentirem os arroubos da paixão? Segundo a professora Cindy Hazan, da Universidade Cornell de Nova Iorque, sim. Ela diz: "seres humanos são biologicamente programados para se sentirem apaixonados durante 18 a 30 meses". Ela entrevistou e testou 5.000 pessoas de 37 culturas diferentes e descobriu que o amor possui um "tempo de vida" longo o suficiente para que o casal se conheça, copule e produza uma criança. "Em termos evolucionários," - ela completa - "não necessitamos de corações palpitantes e suores frios nas mãos".
A pesquisadora identificou algumas substâncias responsáveis pelo Amor: dopamina, feniletilamina e ocitocina. Estes produtos químicos são todos relativamente comuns no corpo humano, mas são encontrados juntos apenas durante as fases iniciais do flerte. Ainda assim, com o tempo, o organismo vai se tornando resistente aos seus efeitos - e toda a "loucura" da paixão desvanece gradualmente - a fase de atração não dura para sempre. O casal, então, se vê frente a uma dicotomia: ou se separa ou habitua-se a manifestações mais brandas de amor - companheirismo, afeto e tolerância -, e permanece junto. "Isto é especialmente verdadeiro quando filhos estão envolvidos na relação", diz a Dra. Hazan.
Os homens parecem ser mais susceptíveis à ação das substâncias responsáveis pelas manifestações associadas ao Amor. Eles se apaixonam mais rápida e facilmente que as mulheres. E a Dra. Hazan é categórica quanto ao que leva um casal a se apaixonar e reproduzir: "graças à intensidade da ilusão romanceada que temos do Amor, achamos que escolhemos nossos parceiros, mas a verdade é conhecida até mesmo pelos zeladores dos zoológicos: a maneira mais confiável de se fazer com que um casal de qualquer espécie reproduza é mantê-los em um mesmo espaço durante algum tempo" - que o digam os processos de assédio sexual no local de trabalho...

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